sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Na rota do chá

Desde que os primeiros Europeus, os Portugueses, chegaram ao Japão no século XVI e trouxeram consigo o chá, que este se popularizou entre a aristocracia Europeia, especialmente em Inglaterra quando a infanta Catarina de Bragança e rainha de Inglaterra, no século XVII, levou consigo este hábito.

Campo de cultura de chá

Com o declínio do cultivo da laranja, surgiu o ressurgir da economia açoreana com a introdução de novas culturas: o tabaco, a batata doce, o ananás (descrito anteriormente num outro post) e o chá, que rapidamente obteve uma forte importância social e comercial. O clima ameno, a ausência de geadas e a insolação pouco intensa foram os principais fatores pelo favorecimento do plantio e desenvolvimento desta cultura, na ilha de S. Miguel, o único local produtor de chá em toda a Europa.

Contudo, enquanto na Primeira Guerra Mundial a maioria das fábricas encerrou, ficou apenas a fábrica Gorreana devido ao apoio governamental de África. Esta empresa produziu o seu primeiro chá em 1883 e desde 1926 começou a produzir a sua própria electricidade, a partir de uma ribeira aí existente, no local do Gorreana, freguesia da Maia, concelho de Ribeira Grande, situada no norte da ilha.



Atualmente, além da fábrica do Gorreana existe também a fábrica de Porto Formoso situada na freguesia desse mesmo nome, tendo surgido na década de vinte, perto de Ribeira Grande e com a mesma natureza de solo (argiloso e de ph ácido).

Na fábrica do chá Gorreana vimos as plantações de chá e inicialmente um video explicativo com todas as etapas da produção do mesmo, cujas vendas ascendem as 60 toneladas de chá por ano, grande parte exportada para as outras ilhas e Portugal Continental assim como para o estrangeiro (E.U.A, Canadá e Alemanha). De salientar que não são utilizados quaisquer pesticidas, herbicidas ou fungicidas em todas as etapas da produção, desde a plantação até ao produto final, todas controladas aqui neste local.

O crescimento da planta Camellia sinensis leva seis anos antes de ser feito a primeira colheita, sendo esta última efetuada de Março a Setembro. Somente as três primeiras folhas de cada rebento verde fresco é que são aproveitadas para fazer chá e para fazer 1 kg de chá pronto para infusão são necessários 4 kg de folhas de chá fresco.

Depois de colhidas, as folhas passam por secadores durante 10 horas. Depois, dependendo do tipo de chá assim é feito o restante processamento. É de salientar que algumas das máquinas utilizadas são tão antigas quanto a própria fábrica, como este esterilizador.




 Para o chá preto, as folhas são preparadas nos "enroladores" mas ficam inteiras, daí o seu ótimo sabor no produto final. Depois de arrefecidas, são arejadas, fermentadas, secas, separadas por tamanho e peso antes de ficarem em repouso e escolhidas à mão antes de serem embaladas.  A partir de todo este processo, saem daqui os chás: "orange pekoe", "pekoe" e "broken leaf", todos chás pretos, mas com o sabor do mais para o menos aromático, do mais forte para o mais fraco e do mais dispendioso para o mais acessível, respetivamente (consoante a proveniência das folhas de cada rebento verde que lhes dá origem).

Enrolador

Para o chá verde, as folhas depois de colhidas passam imediatamente por vapor de água para interromper a sua oxidação, enroladas e passadas por um secador, três vezes antes de serem embaladas. O seu sabor é mais delicado e para mim é um dos melhores chás que provei até hoje.


Secador
E nada como terminar a visita com uma breve degustação desta benéfica bebida (as suas propriedades anti-oxidantes aumentam o sistema imunológico, o metabolismo e são anti-cancerígenas,  estão bem reconhecidas), ideal para estes dias fresquinhos e de chuva (e agora mesmo, vou tomar já um, para ver se melhoro desta valente constipação).


Em Ribeira Grande, além de termos visto a fábrica dos licores "A Mulher do Capote" vimos alguns edificios arquitetónicos e outros pormenores bem interessantes desta bonita cidade (que só conseguimos ver quando lá fomos na segunda vez), tais como:


Igreja Matriz da Nossa Senhora da Estrela
Convento de S. Francisco
Jardim da cidade


Igreja do Espírito Santo

Bem bonitinhos, não acham?

Em Portugal, mais concretamente em Lisboa, existe um local chamado "Espaço Açores" onde se podem adquirir produtos típicos provenientes das várias ilhas dos Açores, como vinhos, licores, enchidos, mel, compotas e chás. Morada: Rua São Julião, 58. 1100-525 Lisboa (perto da Praça do Comércio). Telefone: (+351)218880070. (Informação atualizada a 12 Outubro 2013).

4 comentários:

  1. Olá Marta
    Sempre que aqui venho espreitar, fico estupefacta com tanta beleza e diversidade tão bem fotografada e igualmente bem comentada.
    Sou uma açoriana, micaelense, residente em Coimbra, tenho ido praticamente de 3 em 3 meses a S. Miguel para visitar a minha mãe que lá mora.
    Já viajei bastante, fiz imensas fotografias ainda de rolo, nessa altura nem se falava em blogues... nem eu sabia lidar com a arte da cibernética... como ainda hoje não sei!!!
    Agora, já velhota, lido bem (até ver!!!) com panelas e agulhas... e "pesco" qualquer coisita aqui e ali com as dicas (sempre a correr e sem tempo...) que os meus filhos e até os netos me vão dando sobre esta magia que é a internet!
    Parabéns pelo blogue, que é excelente, e obrigada por estes momentos de verdadeira magia enriquecedora que enche os olhos e aquece a alma quando por ele deambulo!
    Um beijo da
    Teresinha

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